Meninice e Educação Física
Como vimos nos autores referidos anteriormente no blog, e apesar de certas diferenças e algumas particularidades nas perspectivas de cada um deles em relação à fase da Meninice, num ponto todos concordam que é na importância da fase da Meninice no desenvolvimento da criança.
Coloca-se então a questão, de que será necessário aos
profissionais da área de desporto, nomeadamente professores e treinadores que
contactem mais com crianças nesta fase, terem estes conhecimentos da área da
psicologia?
Na nossa opinião absolutamente que sim. Não basta ter apenas
o saber de senso-comum, ou de ordem desportiva, até porque em certas situações,
mesmo com boas intenções pudemos estar a prejudicar ativamente a criança sem
nos apercebermos.
Passa-mos a dar um exemplo. Muitas vezes uma criança ou
jovem adolescente desiste facilmente de fazer uma atividade ou de tentar
melhorar algum aspeto numa atividade desportiva proposta pelo professor, ou
porque não têm muito jeito para essa atividade ou simplesmente porque a acham
demasiado difícil.
Naturalmente a primeira reação do professor será insistir
com essa criança ou jovem adolescente e tentar motivá-la para que ela se
consiga superar e também crie algum espírito de desafio e competitividade para
si própria.
Ora por vezes esta pode não ser a melhor solução, porque por
exemplo, caso a criança tente novamente e falhe, e muitas das vezes esta
inabilidade é presenciada pelos colegas, isto pode levar a repercussões negativas,
como diz Erik Erikson, “Por outro lado, esta é
uma fase sensível e se o grau de exigência for demasiado grande, a criança pode
sentir que não consegue corresponder e como consequência, regredir a estágios
anteriores de desenvolvimento, estabelecendo-se um sentimento de inferioridade
que poderá levar a bloqueios cognitivos.”
Em certos casos, estas situações, aliadas à “humilhação”
por parte dos colegas por não conseguirem fazer certas atividades que para os
outros podem ser simples, pode levar a que a criança fique “traumatizada” e que
crie um estigma em relação à prática de educação física.
É então indispensável que os profissionais da
nossa área, principalmente os que interajam com crianças ou jovens adolescentes
, tenham em atenção estas situações, e possuam os conhecimentos necessários
para as evitar (às más) e as promover (às boas).
Contudo, não basta ter todos estes
conhecimentos da área da psicologia e adaptá-los à área de educação física.
Mesmo sabendo tudo o que há para saber em relação à fase da Meninice, é preciso
não esquecer que cada caso é um caso, que cada criança é uma criança diferente,
e que o que pode resultar com uma, pode não resultar ou ser o mais indicado com
outra numa situação exactamente igual.
Aqui entra a habilidade de cada pessoa em se
adaptar e fazer adaptar as suas ações dependendo do individuo e do contexto.
Por fim, ter especial atenção e cuidado,
principalmente em relação a crianças nas idades fronteira com outros estádios
de desenvolvimento, já que estas muitas das vezes, apesar de terem uma idade
que as coloca num determinado estádio de desenvolvimento cognitivo, podem ou
estar atrasadas ou adiantadas a esse mesmo estádio, o que leva a que os
profissionais de educação física tenham de não generalizar as suas atividades,
objetivos e exigências baseadas apenas numa idade alvo.
Em jeito de conclusão, os profissionais da área
de desporto, que leccionem, treinem ou contactem com crianças ou jovens
adolescentes, para além de professores e/ou treinadores, têm de ser bons
observadores, psicólogos que se adaptem às situações e mais que tudo amigos dos seus alunos.
Tudo isto é muito importante, nesta fase crítica no desenvolvimento das
crianças como pessoas, que é a Meninice.
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